Captações de água subterrânea
A necessidade de captação de água subterrânea surge com a demanda de água nas aglomerações populacionais em área desprovidas de água superficiais para o suprimento às populações e o desenvolvimento de indústrias. Enquanto a população aumenta as indústrias desenvolvem e maiores quantidades de água vão sendo necessárias para satisfazer as necessidades do consumo.
Para o empreiteiro é importante ter boa competência de construção de uma captação e o tipo de equipamento que deve utilizar para a sua execução.
De uma forma geral, furos de 100 mm (quatro polegadas) são utilizados para necessidades de água com fins domésticos, agrícolas e recreativas (para fins de grande consumo usa-se campo de furos, isto é água captada em mais que uma captação).
Furos de grande diâmetro, a partir de 20 a 90 cm (8 a 36 polegadas) ou mais, são geralmente utilizados para fins industriais, grandes aglomerações urbanas e irrigações.
As necessidades de irrigações variam em função de numerosos factores, tais como o tipo de sementeira, o tipo de terreno (um terreno arenoso absorve mais rapidamente a água do que um terreno argiloso), a sua topografia.
A maioria das águas subterrâneas contém menor índice de bactérias em suspensão. É limpa, incolor e inodora. Estas características contrastam com as águas superficiais que podem conter considerável grau de turgidez, bactérias e cheiro. Por essa razão, as águas subterrâneas são superiores em qualidade sanitária.
A recarga da água dos rios provém da decorrência superficial das chuvas e das descargas dos aquíferos jorrantes.
A utilização de água subterrânea para abastecimento público é muito mais prática, rápida e barata que o uso de água superficial (lagos e rios).
Tecnologias e equipamentos modernos ajudam o homem a localizar os reservatórios naturais de água subterrânea com maior facilidade, e os poços podem fornecer água de qualquer profundidade, embora com algum grau de incerteza.
A protecção da água subterrânea está intimamente ligada à gestão e uso de terra, quando aplicada em base científica, o zoneamento da superfície terrestre, fornece uma estrutura racional dentro do qual concilia os interesse da água e outros usos. A área por onde ocorre o abastecimento de aquíferos é denominada zona de recarga. O processo de recarga subterrânea ocorre pelo movimento de água sob forças gravitacionais. Generaliza-se a definição da recarga subterrânea considerando-a como a quantidade da água que contribui para aumentar a reserva subterrânea permanente ou temporária de um aquífero (Francisco, Setembro de 2014).
É da responsabilidade do empreiteiro proteger a pureza da captação e deve estar habilitado para executar a obra duradoura e funcionamento correcto.
A água subterrânea encontra-se nos interstícios ou poros, podem ser divididos em duas zonas ( aeração e saturação).
A zona de aeração começa desde a superfície do solo até ao nível onde todos os poros ou cavidades dos materiais que o constituem estão completamente preenchidos com água.
Imediatamente abaixo da zona de aeração encontra-se zona de saturação, em que os poros estão completamente preenchidos ou saturados com água. A água da zona de saturação é conhecida como água subterrânea e é a única forma de água subsuperficial que fluirá facilmente para a captação (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970).
Objectivo da construção de uma captação é penetrar o solo até àquela zona com tubo cujo troço inferior tem ranhuras com rasgos de dimensões apropriadas que permitam o fluxo da água para seu interior, retendo a partículas do terreno no exterior.
As formações que contem água subterrânea e cedem a facilmente às captações, são chamadas aquíferos. Os aquíferos podem ser livres ou confinados.
Aquíferos livres são os que não são confinados por uma camada superior impermeável de terreno. São também chamados aquíferos não confinados. A água nestes aquíferos encontram-se virtualmente à pressão atmosférica e o nível da zona de saturação é chamado nível estático. O nível estático marca o nível mais elevado que a água pode atingir numa captação construída num aquífero não confinado (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970).
Aquífero confinado ou cativo é aquele em que a água está confinada por uma camada superior de terreno relativamente impermeável e a uma pressão superior á pressão atmosférica. Por essa razão, esses aquíferos são também chamados confinados, pressurizados ou artesianos. Ao contrário dos aquíferos não confinados, a água nos aquíferos confinados eleva-se nos furos até ao nível do fundo mais elevado da camada de confinamento, em razão da pressão criada pelo confinamento e é uma das características que distingue os dois tipos de aquíferos (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970).
O plano imaginário até onde a água se eleva, num furo localizado num aquífero confinado, é chamado nível piezométrico. Esse nível pode estar quer acima quer abaixo da superfície do solo em diferentes pontos do mesmo aquífero. Quando o nível piezometrico se localiza acima da superfície do solo, num furo rasando a camada se confinamento, a água jorra acima do solo e o furo é chamado furo artesiano surgente. Se o nível piezometrico localiza abaixo do da superfície do solo o furo é chamado furo artesiano não sugente. Neste caso, o meio de elevação da água, tal como uma bomba, tem que ser usado para obter água do furo (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970).
A designação de artesiano é originária de Artois, província Francesa, onde a experiencia em furos profundos foram atingidos aquíferos confinados.
A capacidade de armazenagem de água de um aquífero é conhecida por porosidade. a porosidade de uma formação consiste na percentagem do seu volume total que é constituído por poros. a porosidade é um índice da quantidade de água que pode conter numa formação saturada. Por exemplo, a porosidade de um metro cúbico de areia que contenha 0,20 m3 de espaços vazios é de 20%. o volume de vazios ou poros, relativamente ao volume ocupado por esferas de tamanho igual, representa sempre a a mesma percentagem do volume total (sólidos e vazios), quer as esferas sejam do tamanho d bolas de ténis, quer tenham o tamanho de grão de arroz. Toda via, os pequenos poros entre esferas pequenas oferecem maior resistência ao fluxo da água que as grandes esferas e, consequentemente, provocarão uma diminuição da permeabilidade, apesar apermeabilidade ser a mesma. Uma areia solta e uniforme pode ter, por exemplo, uma porosidade de 45% e ser um bom aquífero. A argila, ao contrário, apresentando uma porosidade de 37%, para argila compacta e 84% para argila a argila mole, são ambos maus aquíferos devido a baixa permeabilidade (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970).
A permeabilidade relaciona-se com a facilidade com que o aquífero fornece água.
Os minerais dissolvidos (calcário e magnésio) provocam a dureza da água. O sabão não produz espuma até que todos os minerais que causam a dureza tenham sido eliminados por combinação com sabão. Esta é a causa da faixa escura que se verifica nas banheiras após a sua utilização. De salientar que um litro de água isenta de impureza a 4 graus centígrados pesa um quilo grama (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970).
A corrosividade da água está associada a acidez que é determinada pelo valor do seu pH (potencial Hidrogeniônico, escala de medição do grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução). A maioria da água subterrânea o pH varia entre 5,5 e 8. O pH 7 é neutro, acima de 7 a água é alcalina e abaixo de 7 é ácida (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970)
A pressão no fundo de um reservatório é sempre maior devido ao peso da água que mantém. Essa carga é chamada de coluna de água e é determinada em Kg/cm2, resultante na multiplicação da altura da água, em metros, por factor 0,1 (Comissariado Provincial de Namibe. Angola., 1970).

Obras Citadas

Comissariado Provincial de Namibe. Angola. (1970). Captações de águas subterrâneas. Estarreja, Portugal: Sociedade de Represtação e Comércio de Máquinas, Lda.
Francisco, M. (Setembro de 2014). Vulnerabilidade à poluição de água subterrânea-Um estudo dos aquiferos subterrâneos no distrito do Dondo, Sofala, Moçambique. Beira, Sofala: Faculdade de Economia e Gestão- Universidade Católica de Moçambique.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ensaio de caudal para relatório do furo

Manual de Implementação de Projectos de Abastecimento de Água Rural (MIPAAR)

PEC-Zonal: Tecnologia de Produção de Latrinas de Baixo Custo