PEC-Zonal: Tecnologia de Produção de Latrinas de Baixo Custo

Introdução

Todas pessoas das camadas sociais: velhos, jovens, crianças, comerciantes, funcionários, camponês, artesãos, activistas, estudantes, professores, ricos e pobres precisam de desembaraçarem-se todos os dias do material fecal.

Infelizmente, existem muitos problemas ligados às práticas de eliminação de excretas.
Para a solução destes problemas têm de ser considerados não apenas problemas técnicos, mas também ambientais e humanos.

Não existe uma solução técnica para todas as soluções, mas existe uma solução técnica que poderá ser adaptada ao local, aos recursos financeiros, à habilidade e a concordância com a “Latrina Tradicional” em uso no local.

Exemplo de saneamento sem água

A abordagem de que os excretas humanos constitui um valioso recurso na produção de material orgânico para fertilização dos solos levou ao aparecimento das latrinas tipo ecológica, onde a matéria fecal é posta a secar e depois usada na agricultura.

É comum, em Moçambique, o material fecal não é aproveitado para reconstituição dos solos senão em casos de algumas zonas. Para prevenir a poluição de fontes de água subterrânea em Gura-Guara, distrito de Buzi em Moçambique no centro de reassentamento de deslocados de Cheias 2000, levou à criação de latrinas ecológicas com dois compartimentos que são usados um após o outro encher e os excretas secos podem serem retirados para dar lugar o ciclo seguinte do uso do compartimento assim sucessivamente, a vida útil da latrina não depende da capacidade das fossas mas do material de construção. Resumo, o compartimento cheio, é deixado secar (mínimo 120 dias) e após isso remove-se o material.

Em Moçambique, nas zonas que se estendem em redor das cidades encontra-se uma área muito densa e pobre, onde as condições de vidas são escassas: pouca água, espaços exíguos, casas pequenas para famílias numerosas e latrinas precárias.

Como consequencias desta situação e de outras carências socioeconómicas a ela associadas, estas áreas constituem focos de doenças, e epidemias que têm contribuído para um elevado índice de morbilidade e mortalidade das populações destas zonas com particular incidência para mulher e crianças.

Com objectivo de melhorar as condições sanitárias destas populações, o Programa Nacional de saneamento A Baixo Custo (PNSBC), iniciou em 1980, com apoio de doadores internacionais, a implementação de em larga escala de construção de Latrinas Melhoradas.

LATRINA MELHORADA
  
A laje é a principal componente da Latrina Melhorada. A laje da Latrina Melhorada caracteriza-se pela dureza, superfície lisa, formato convexa e possibilidade de ser limpa com recurso a água ou simples vassoura. A laje tem quatro aspectos que lhe caracteriza:

·         A dureza garante que os utentes a usem com segurança, sem risco de caírem para dentro da fossa da latrina;
·          A superfície lisa permite que a laje seja facilmente lavável.
·         Sendo a laje lavável, permite maior higiene e sem conservar humidade de qualquer substância líquida que possa pôr em perigo a laje: estrutura em betão constituída por mistura de cimento, areia e pedra.
·         A forma convexa da laje aumente a capacidade da laje, sem ferro, suportar peso de pessoas utentes e permite que a agua que se usa para lavagem que escorra para fora da laje.

A laje é constituída por 3 elementos: (1) Sapatas, as chamadas apoios dos pés dos utentes, permitem à pessoa encontrar a posição certa para não sujar a laje com fezes, mesmo no escuro. Ao acertar o piso de sapatas acerta também a passagem de fezes e urina para o interior da fossa da latrina sem tocar o bordo do buraco da laje. (2) Buraco, com tamanho que garante bom serviço sanitário e higiene sem perigo de risco de crianças caírem na fossa. (3) Tampa, elemento que impede que as moscas e baratas passem dum lado para outro, fora para dentro e vice-versa. A tampa é munida de uma pega de ferro para permitir manuseá-la com facilidade.

Tipos de latrinas
Os tipos de latrinas referidos são do Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo promoveu e construiu em diversas províncias através de Projectos de Latrinas Melhoradas.

Latrina Tipo S1: consiste em uma laje que uma família compra num estaleiro. Para construção, a família abre uma cova e coloca a laje por cima da cova. Este tipo de latrina é recomendável para os solos estáveis, sem facilidade de desabarem.

Latrina tipo S2: para esta latrina, a família dirige-se a um estaleiro de latrinas melhoradas onde adquire uma laje, 100  ou 80 blocos para lajes de 1,5 m e 1,2 m respectivamente, e mão-de-obra para escavação e revestimento da fossa da latrina.

A latrina tipo S2 é recomendável para solos soltos, ou solos argilosos, solos com muita humidade. O pessoal do estaleiro ou artesãos local treinado por PNSBC é responsável pelo revestimento da cova e montagem da laje.

Latrina tipo S3: este tipo de latrinas é recomendável para terrenos com nivel freático elevado e de difícil escavação. Abre-se uma cova à profundidade possível, reveste-se a cova com blocos com 2 ou 3 fiadas de blocos acima do terreno, para aumentar a capacidade (volume) de armazenamento de fezes.

Os Projectos de Latrinas Melhoradas, instaladas em todas capitais provinciais moçambicanas, estão preparados para construir ou fornecer qualquer um destes tipos de latrinas.

Reconhecendo que existem dificuldades em utilizar este tipo de latrinas, em posição a acocora, isto é, sem assento, por determinados grupos populacionais específicos, o PNSBC, iniciou em 1993 a produção por encomenda de lajes com assento. Sendo assim, mulheres grávidas, idosos e deficientes físicos, poderão encomendarem e/ adquirir lajes com assentos para construção das latrinas do tipo S1, S2 e S3 conforme o tipo de terreno.

O Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo, produziu lajetas para latrinas tradicionais melhoradas, com os mesmos aspectos técnicos (buraco, tampas e sapatas) mas com o formato plano e dimensão quadrada, 0.6 metros de lado.  

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